domingo, 26 de setembro de 2010

ENTRE O CÉU E O MAR - Elba Ramalho




VOCE SE LEMBRA





Geraldo Azevedo


Entre as estrelas do meu drama
Você já foi meu anjo azul
Chegamos num final feliz
Na tela prateada da ilusão

Na realidade onde está você
Em que cidade você mora
Em que paisagem em que país
Me diz em que lugar, cadê você

Você se lembra
Torrentes de paixão
Ouvir nossa canção
Sonhar em Casablanca
E se perder no labirinto
De outra história

A caravana do deserto
Atravessou meu coração
E eu fui chorando por você
Até os sete mares do sertão

Você se lembra...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sun Gazing com Hira Ratan Manek - energia do sol

http://www.ventosdelys.com/pt/artigos/58/seminario-sobre-sun-gazing-com-hira-ratan-manek

A luz em prisma.




As duas árvores de Valinor



No lendário O Silmarillion de Tolkien
as Duas Árvores de Valinor eram: Telperion prateada e Laurelin dourada.

 Elas davam luz à Terra dos Poderes do Mundo, os Valar, em tempos antigos. Originaram posteriormente a Lua e o Sol, e sua existência está ligada a vários aspectos internos ao Silmarillion. O seu período de existência é chamado de Anos das Árvores e é muito longo, seguindo os Anos das Lâmpadas e precedendo os Anos do Sol.


As Duas Árvores têm um ciclo na qual são criadas, destruídas, e, antes de morrerem, dão origem a dois dos astros de maior importância. Inclusive Tolkien criou para essa história, a explicação para o fato de o Sol e a Lua surgirem no Leste, para as crateras na Lua e para os eclipses.
[editar]De sua Criação
As primeiras fontes de luz para todos em Arda foram duas enormes Lâmpadas, Illuin, a lâmpada prateada no Norte e Ormal, dourada, no Sul. Foram derrubadas e destruídas por Melkor.
Depois os Valar foram para Valinor e Yavanna Kementári criou as Duas Árvores, Telperion de prata e Laurelin de ouro.
Telperion era considerada a masculina e Laurelin a feminina. As Árvores se situavam no monte de Ezellohar, ou Corollairë. Cresceram à presença de todos os Valar, regadas pelas lágrimas de Nienna.
Telperion tinha as folhas escuras, prateadas em um dos lados e seu orvalho prateado era coletado como fonte de água e luz e armazenado num tonel.
Laurelin tinha folhas de verde viçoso orladas a ouro, e sua flor tinha a forma de uma cornucópia brilhante.
Cada uma tinha sua plenitude atingida a cada sete horas até lentamente escurecer. Duas vezes ao dia, no entanto, por uma hora os raios prateados e dourados se fundiam.
[editar]De sua Destruição
Invejoso, Melkor pediu ajuda da aranha gigantesca e faminta Ungoliant para destruir as Duas Árvores, prometendo que teria todo o alimento que desejasse. Ungoliant então teceu uma teia escura que impedia que os vissem, e juntos foram até as Árvores. Melkor as atingiu até o seu centro, e Ungoliant lhes sugou toda a seiva. Destruiu também os tonéis que continham o orvalho das Árvores, e com um tamanho gigantesco, fugiu junto com Melkor, que agora sentia medo dela. Valinor ficou silenciosa nas trevas que precederam o surgimento do Sol e da Lua.
Então, o elfo da estirpe dos Vanyar, Elemmírë, compôs o Aldudénië, o Lamento pelas Duas Árvores de conhecimento de todos os Eldar.
[editar]De Anar e Isil
A pedido de Manwë, Yavanna cantou e Nienna chorou, e Telperion e Laurelin então, no último suspiro, produziram uma flor de prata e um fruto de ouro respectivamente, e morreram. Foram deixadas no Monte Ezellohar como um "monumento à glória perdida".
Manwë, Valar dos ventos, consagrou a flor e o fruto, e Aulë, marido de Yavanna e ferreiro dos Valar, criou naves para conter e preservar seu brilho.
Então dois Maiar se ofereceram para carregar as Naves daqueles que foram chamados de Anar, o Ouro de Fogo e Isil, o Esplendor em Quenya e Anor e Ithil em Sindarin: O Sol e a Lua. Esses Maiar eram Arien, que levava a nave solar, e Tilion, o Timoneiro da Lua.
Isil subiu primeiro, e à sétima vez que cruzava o céu, Anar surgiu gloriosa. A explicação Tolkien para as crateras lunares é que nave da Lua era chamuscada pelo calor do Sol, o qual Tilion sempre seguia, atraído pela beleza de Arien.
Mas então Varda respondeu às súplicas de Estë, e fez com que o Sol descesse até o mar, no Oeste, e então seria levado pelos servos de Ulmo por baixo d'água até o Leste, onde surgiria depois que a Lua já tivesse descido. Mas Tilion, inconstante, era sempre atraído por Arien, e os dois podem às vezes serem vistos juntos no céu, ou a Lua pode ocultar o brilho de Arien (a explicação de Tolkien para o eclipse). Essa história está contada no Narsillion, o Cântico do Sol e da Lua, e é sem dúvida uma das mais conhecidas de todo O Silmarillion, porque o Destino das Árvores é comentado muito ao longo do livro e a luz que emanavam foi a chave para o desencadear da história em torno das Silmaril, que preservavam o brilho.
[editar]De sua Recriação
Ver artigo principal: Dagor Dagorath
Segundo uma versão não publicada de O Silmarillion, a versão original, Mandos previu que, na Batalha Final, Anar e Isil serão destruídos, mas as Três Gemas serão resgatadas e Fëanor seu criador, poderá sair das Mansões de Mandos de modo a entregar as Gemas a Yavanna, que as quebrará e com sua luz, devolverá a vida para as Duas Árvores.
[editar]Sobre as Réplicas das Duas Árvores

[editar]Das Árvores Brancas
Os elfos da estirpe dos Noldor e dos Vanyar amavam Telperion mais do que tudo em Valinor. Por isso, Yavanna fez surgir uma réplica da Árvore de Prata, mas que não emitia luz. Foi chamada de Galathilion.
Uma muda dessa árvore foi posteriormente plantada em Tol Eressëa, e a que lá cresceu foi chamada de Celeborn (Celeb=prata).
Ainda mais tarde trouxeram uma muda de Celeborn e plantaram-na em Númenor e a árvore se chamou Nimloth, a Bela (Nim=branca, Loth=flor). A história de Nimloth é cheia de altos e baixos. Sauron a destruiu sem saber que Isildur havia lhe tirado um fruto, que seria plantado em Minas Ithil. Novamente Sauron a destrói, e novamente Isildur lhe retira uma muda, plantando-a em Minas Anor, onde voltou a florir, mas numa certa época, após Minas Ithil ser tomada por Nazgûl, definhou.
Depois da Guerra do Anel, Mithrandir encontrou uma muda em Mindolluin, montanha que se erguia atras de Minas Anor, e Aragorn a plantou em Minas Tirith, antiga Minas Anor, novamente, e a árvore ganhou vida de novo.
[editar]De Glingal e Belthil
Gondolin era uma cidade oculta governada por Turgon, um elfo de origem Noldorin. Turgon, com sua habilidade, criou imagens que seriam as réplicas das Duas Árvores: Glingal, a Chama Suspensa, cópia de Laurelin que ficava sobre o sexto portão de Gondolin, e Belthil, o Brilho Divino, cópia de Telperion que ficava sobre o quinto portão de Gondolin. É importante lembrar que essas árvores eram apenas imagens. Os livros O Silmarillion e Contos Inacabados não trazem mais informações sobre esse ponto.
[editar]Significado Interno

As Duas Árvores existiram numa época em que a única fonte de luz eram as estrelas (que aliás foram criadas por Varda em benefício dos elfos a partir do orvalho das Árvores). Quando três elfos foram levados para ver Valinor por si mesmos, de modo a convencer os elfos a irem às Terras Imortais, parece que foram as Árvores que mais os “comoveram”.
Dizem que Thingol em particular estimulou a Grande Viagem pelo seu desejo de ver as Árvores novamente (até que se satisfaz com a luz do semblante de Melian). Posteriormente, os elfos foram divididos em Calaquendi, elfos-da-luz, aqueles que viram a luz das Árvores, e Moriquendi, elfos-da-escuridão, aqueles que não viram.
Além disso, as Silmarilli, em torno da qual gira toda a história da primeira Era e do Silmarillion, são as gemas que guardam os últimos remanescentes da luz das Duas Árvores Sagradas de Valinor.
Na Segunda e Terceira Eras, as Árvores Brancas de Númenor e as de Gondor, que descendiam de Telperion, têm significado simbólico muito importante. Elas representam os reinos em questão, e também remontam a antiga aliança entre Dúnedain e Elfos.
[editar]Significado Externo

A Luz como um conceito é cheia de simbolismo. Tolkien, como um Católico fervoroso, certamente foi apresentado ao significado da luz no Cristianismo. As Árvores tinham especial importância para ele: no pequeno conto Tree and Leaf, que de certa forma foi uma alegoria elaborada explicando seu próprio processo criativo, o protagonista, Niggle, passa a vida pintando uma única Árvore.
Aliás, a última fotografia conhecida de Tolkien, datada de 9 de agosto de 1973, foi tirada com o autor ao lado de uma de suas árvores preferidas, um Pinheiro-larício (Pinus nigra), no Jardim Botânico, em Oxford.
Em 1992, o ano em que Tolkien completaria um século, a Tolkien Society e a Mythopoeic Society, dois clubes de estudiosos da mitologia tolkieniana, plantaram em Oxford duas árvores em tributo ao escritor.
[editar]Informação resumida e adicional

Datas: Criadas pouco depois da chegada dos Valar a Valinor; destruídas no início da Primeira Era.
Localização: No monte Ezellohar, a oeste de Valimar (ou Valmar).
Origens: Criadas por Yavanna Kementári e regadas pelas lágrimas de Nienna.
Origem dos Nomes: Telperion possui a palavra Quenya Telpë, prata, e Laurelin possui Laurë, dourado, e também Lin, canção.
Outros Nomes: Árvores de Ouro e Prata, As Duas Árvores dos Valar, Aldu (Quenya), Telperion também era chamada de Silpion e Ninquelótë e Laurelin de Malinalda e Culúrien. É dito em O Silmarillion que possuiam outros nomes poéticos.
Trecho da criação:"[...] Yavanna Kementári cantava diante deles, e eles observavam. E enquanto obsevavam, sobre a colina surgiram dois brotos esguios; e o silêncio envolveu todo o mundo naquela hora, nem havia nenhum outro som que não o canto de Yavanna. Em obediência ao seu canto, as árvores jovens cresceram e ganharam beleza e altura; e vieram a florir; e assim, surgiram no mundo as Duas Árvores de Valinor. De tudo que Yavanna criou, são as mais célebres, e em torno de seu destino são tecidas todas as histórias dos Dias Antigos.[...]"


O Silmarillion, J.R.R.Tolkien

domingo, 12 de setembro de 2010

Luz

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A lenda da luz branca

Há muito tempo atrás, na época em que a Gaia nascia, a LUZ BRANCA penetrou na atmosfera luminosa e criou duas dimensões. A primeira, e menos evoluída, era a dos homens normais. Seres gananciosos, materialistas e estúpidos. A segunda dimensão era constituída de seres mágicos. Hoje, estas terras estão escondidas na primeira dimensão. Mas na Idade Média, homens e seres mágicos viviam em harmonia. Mas os homens queriam a terra só para eles e os seres mágicos foram obrigados a ocultar o mundo paralelo. Para isso, eles separam o talismã prata do talismã dourado e desfizeram o portal que unia os dois mundos. Acontece que a Tissanisa, filha do guerreiro Arthur e da fada Gardênia, roubou o talismã dourado e utilizou o seu poder para criar uma terceira dimensão dentro da Gaia. Nestas terras ela deu luz aos gremlins e aos ogros. Assim que ganharam forças, estes seres malignos invadiram a segunda dimensão afim de encontrarem o talismã prata. Ele daria poderes imensos à Tissanisa e ela seria dona de toda a Gaia. O mundo paralelo atravessou uma Era de Trevas. Mas o talismã prata foi perdido e os seres malignos foram obrigados a voltar para a terceira dimensão. Os três mundos estavam isolados.

Após duas gerações, nasceu Nissia, a fada cristal. Ela possuía os símbolos sagrados gravados no pulso. Edelvínea, a duende verde, juntamente com o Gnomo Guindor, desvendou os símbolos e todos conseguiram penetrar novamente na primeira dimensão. Após muito tempo, Guindor encontrou o talismã prata no deserto perdido do Egito. Até hoje ninguém sabe como ele foi parar lá. Porém, Nissia temia voltar para a segunda dimensão com o talismã. A Tissanisa não podia penetrar na primeira dimensão, mas no mundo paralelo ela poderia roubar o talismã prata facilmente. Por vários longos anos, Guindor, Edelvínea e Nissia vagaram escondidos pela terra dos homens. Até que um dia, na Romênia, eles encontraram Ilsae, a fada vermelha. Ela havia nascido no mundo dos homens por engano. Nissia contou o problema deles e Ilsae encantou o talismã prata para que ele só pudesse ser unido ao talismã dourado através da Fita da União. Em seguida, ela amarrou a fita na sua cintura para que ficasse em segurança. Assim, os quatro seres mágicos puderam retornar em paz ao mundo deles.

Chegando lá, foram recebidos pelo Rei, Sr. Baratus, e pela Rainha, Lady Cresmildância. Eram heróis. A Duende Edelvínea recebeu como prêmio a capa verde da esperança. Nissia e Ilsae foram presenteadas com um reino encantado onde milhares de fadas brotavam todos os dias. E Guindor teve permissão para namorar a princesa gnoma Shara (filha do Baratus e da Cresmildância).

Acontece que a festa despertou a curiosidade da Tissanisa e ela descobriu tudo. Como o talismã prata estava bem escondido, ela sequestrou Ilsae e a Fita da União. Agora, o talismã corre grande perigo e o único meio de vencer Tissanisa é buscando a força dos homens. E para isso, os seres do mundo paralelo precisam achar o gnomo-alma-gêmea da Fada Nissia. Ele possui os símbolos sagrados que abrem o portal para a terceira dimensão. Assim, quando ele for encontrado, os homens poderão marchar para o mundo de trevas e juntamente com os seres mágicos, combaterão Tissanisa usando a arma mais poderosa que mora na alma de cada um: a gargalhada feliz.


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Chegar à lua...

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Há muitos e muitos anos, não muito longe daqui, vivia uma menina que sonhava em ter a Lua. E, por mais que a mãe lhe dissesse que a Lua ficava longe e era fria, mais a menina chorava e pedia.

Para distrair a filha, a mãe tecia e bordava seus vestidos com luares de prata, pacientemente. O pai enfiava em fios de seda pérolas brancas e lisas, cultivadas em conchas, para o colar da menina. Mas nada trazia a felicidade para a filha, que sonhava, dia e noite, noite e dia, em ter a Lua, mesmo sendo longe e fria.

Muitas vezes, buscando consolar a menina, a mãe dizia: "Filha minha, o caminho da Lua é muito dentro da noite. Em seu escuro, além de estrelas e constelações, grandes dragões cortam as estradas com raios, trovões e labaredas. Nas nuvens da noite dormem morcegos com asas longas, capazes de esconder outros vampiros e demônios." Mas nada desviava o desejo da menina de morar na Lua, mesmo sendo longe e fria.

Uma tarde o pai não voltou do trabalho. Perdeu-se nas sombras da floresta colhendo os frutos mais saborosos, fabricados pela ternura das estações, para presentear à filha. A noite já andava alta, e a mãe, debruçada na janela, com os olhos fixos no caminho que traria o esposo, caiu em um sono grande e mais profundo que o firmamento. E a menina, sonhando com a Lua, aproveitou o descuido dos pais e tomou o caminho de São Tiago, buscando a Lua, longe e fria. A estrada era feita de neblina e poeira de estrela, brilhante como o vidro. Mas entre uma estrela e outra havia o nada. E o nada era imenso e vazio.

Ela assentou-se na primeira estrela, debruçada sobre a noite. Muito triste, começou a chorar. E seu intenso pranto choveu por sobre a Terra. E eram tantas as lágrimas que um oceano, salgado e misterioso, se formou.

A mãe da menina, com medo de se afogar, pediu ajuda aos céus e transformou-se em espírito das águas. O pai, sem a esposa e a filha, cheio de amor, salvou-se em um pequeno barco e passa as noites e noites navegando nos mares, procurando a mulher e a menina querida.

Naquela noite, os soluços da menina chamaram a atenção de um cavaleiro que galopava pelas estradas de São Tiago. Escutando o pranto, cheio de pena, aproximou-se da menina. Adivinhando o seu desejo de ter a Lua, mesmo sendo longe e fria, oferece-lhe ajuda. A menina montou na garupa do cavalo branco. E, como o cavaleiro era São Jorge, não foi difícil chegar à Lua.

E até hoje, se a noite é clara, a menina desce com a Lua para o fundo dos mares, rios e oceanos, visita o espírito das águas e ilumina o caminho para o pescador de estrelas.



Este texto faz parte do Livro "Faca afiada", do escritor Bartolomeu Campos Queirós.

Uma idéia toda azul:

Rating:★★★
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Um dia o Rei teve uma idéia. Era a primeira da vida toda, e tão maravilhado ficou com aquela idéia azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com Ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre outros pensamentos, encontrando-a sempre com igual alegria, linda idéia dele toda azul.

Brincaram até o Rei adormecer encostado numa árvore.

Foi acordar tateando a coroa e procurando a idéia, para perceber o perigo. Sozinha no seu sono, solta e tão bonita, a idéia poderia ter chamado a atenção de alguém.

Bastaria esse alguém pegá-la e levar. É tão fácil roubar uma idéia: Quem jamais saberia que já tinha dono?

Com a idéia escondida debaixo do manto, o Rei voltou para o castelo. Esperou a noite. Quando todos os olhos se fecharam, saiu dos seus aposentos, atravessou salões, Desceu escadas, subiu degraus, até Chegar ao Corredor das Salas do Tempo.

Portas fechadas, e o silêncio.

Que sala escolher?

Diante de cada porta o Rei parava, pensava, e seguia adiante. Até chegar à Sala do Sono.

Abriu. Na sala acolchoada os pés do Rei afundavam até o tornozelo, o olhar se embaraçava em gazes, cortinas e véus pendurados como teias.

Sala de quase escuro, sempre igual. O Rei deitou a idéia adormecida na cama de marfim, baixou o cortinado, saiu e trancou a porta.

A chave prendeu no pescoço em grossa corrente. E nunca mais mexeu nela.

O tempo correu seus anos. Idéias o Rei não teve mais, nem sentiu falta, tão ocupado estava em governar. Envelhecia sem perceber, diante dos educados espelhos reais Que mentiam a verdade. Apenas, sentia-se mais triste e mais só, sem que nunca mais tivesse tido vontade de brincar nos jardins.

Só os ministros viam a velhice do Rei. Quando a cabeça ficou toda branca, disseram-lhe que já podia descansar, e o libertaram do manto.

Posta a coroa sobre a almofada, o Rei logo levou a mão à corrente.

Ninguém mais se ocupa de mim - dizia atravessando salões e descendo escadas a caminho das Salas do Tempo - ninguém mais me olha. Agora posso buscar minha Linda idéia e guardá-la só para mim.

Abriu a porta, levantou o cortinado.

Na cama de marfim, a idéia dormia azul como naquele dia.

Como naquele dia, jovem, tão jovem, uma idéia menina. E linda. Mas o Rei não era mais o Rei daquele dia.

Entre ele e a idéia estava todo o tempo passado lá fora, o tempo todo parado na Sala do Sono. Seus olhos não viam na idéia a mesma graça. Brincar não queria, nem Rir. Que fazer com ela? Nunca mais saberiam estar juntos como naquele dia.

Sentado na beira da cama o Rei chorou suas duas últimas lágrimas, as que tinha guardado para a maior tristeza.

Depois baixou o cortinado, e deixando a idéia adormecida, fechou para sempre a porta.

(Este conto, de Marina Colasanti, faz parte do livro com o mesmo nome)

Focos em flocos!

Rating:★★
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Era uma vez um velho chinês. Ele vivia solitário num sobrado de frente para o quartel, atrás do hospital.

Um dia, um herói de desenho animado apareceu no quarto do homem… E saiu voando, levando-o nos braços para conhecer um mundo encantado…

Lá, o homem pôde se ver criança falando com os bichos. E conheceu todos os super-heróis da tevê. E passeou por castelos, viu-se príncipe e querubim . E viu a Terra do alto, pequenina, pequenina… E pôde voar com os pássaros, escorregar no arco-íris, pular sobre as nuvens e adormecer nos braços de uma estrela cadente.

Mas, quando acordou, acordou em seu quarto…

Confuso, o homem vai à janela e vê que está no sobrado de frente para o quartel, atrás do hospital… Anda de um lado pro outro. Decepcionado, deixa-se cair sobre a cama. De repente, para, sorri. Depois gargalha. Pedacinhos de nuvem com flocos de estrela estão cobrindo seu lençol.