segunda-feira, 26 de julho de 2010

Transcendência.





A música fala diretamente ao inconsciente, criando ressonâncias emotivas que são únicas. É bem verdade que um poema ou um quadro também afetam pessoas de modo diferente. Mas a mensagem é mais concreta, mais direta. Existe algo de imponderável na música, um apelo primordial, algo que antecede palavras ou imagens


Marcelo Gleiser é professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro 'O Fim da Terra e do Céu'. Artigo publicado na 'Folha de SP':

A música, dentre as artes, é a mais misteriosa. Como podem os sons invocar emoções tão fortes, alegrias e tristezas, lembranças de momentos especiais ou dolorosos, paixões passadas e esperanças futuras, patriotismo, ódio, ternura? Quando se pensa que sons nada mais são que vibrações que se propagam pelo ar, o mistério aumenta ainda mais.

A física explica como ondas sonoras se comportam, suas frequências e amplitudes. A biologia e as ciências cognitivas explicam como o aparelho auditivo transforma essas vibrações em impulsos elétricos que são propagados ao longo de nervos para os locais apropriados do cérebro.

Mas daí até entender por que um adágio faz uma pessoa chorar, enquanto outra fica indiferente ou até acha aquilo chato, o pulo é enorme.

A música fala diretamente ao inconsciente, criando ressonâncias emotivas que são únicas. É bem verdade que um poema ou um quadro também afetam pessoas de modo diferente. Mas a mensagem é mais concreta, mais direta. Existe algo de imponderável na música, um apelo primordial, algo que antecede palavras ou imagens.

Não é por acaso que a música teve, desde o início da história, um papel tão fundamental nos rituais. Ritmos evocam transes em que o eu é anulado em nome de algo muito mais amplo. Quando um grupo de pessoas escuta o mesmo ritmo, as separações entre elas deixam de existir, e um sentimento de união se faz presente. Mais explicitamente, todo mundo gosta de sambar com uma boa batucada. E todos no mesmo ritmo, ou seja, indivíduos se unificam por meio da dança. A dança dá realidade espacial à música, tornando-a concreta.

A música foi o primeiro veículo de transcendência do homem. Daí sua presença tão fundamental nas várias religiões. E ela foi, também, a primeira porta para a ciência. Tudo começou em torno de 520 a.C., quando o filósofo grego Pitágoras, vivendo na época no sul da Itália, descobriu uma relação matemática entre som e harmonia. Ele mostrou que os sons que chamamos de harmônicos, prazerosos, obedecem a uma relação matemática simples.

Usando uma lira, uma espécie de harpa antiga, ele mostrou que o tom de uma corda, quando soada na metade de seu comprimento, é uma oitava acima do som da corda livre, portanto satisfazendo uma razão de 1:2. Quando a corda é soada em 2:3 de seu comprimento, o som é uma quinta mais alto; em 3:4, uma quarta mais alto.

Com isso, Pitágoras construiu uma escala musical baseada em razões simples entre os números inteiros. Como essa escala era de caráter tonal, os pitagóricos associaram o que é harmônico com o que obedece a relações simples entre os números inteiros.

E foi aqui que eles deram o grande pulo: não só a música que ouvimos, mas todas as harmonias e proporções geométricas que existem na natureza podem ser descritas por relações simples entre números inteiros. Afinal, formas podem ser aproximadas por triângulos, quadrados, esferas etc., e essas figuras podem ser descritas por números.

Portanto, do mesmo modo que a corda da lira gera música harmônica para determinadas razões de seu comprimento, os padrões geométricos do mundo também geram as suas melodias: a música se torna expressão da harmonia da natureza, e a matemática, a linguagem com que essa harmonia é expressa. Som, forma e número são unificados no conceito de harmonia.

Pitágoras não deixou as suas harmonias apenas na Terra. Ele as lançou para os céus, para as esferas celestes. Embora os detalhes tenham se perdido para sempre, segundo a lenda apenas o mestre podia ouvir a música das esferas.

Na época, ainda se acreditava que a Terra era o centro do cosmo. Os planetas eram transportados através dos céus grudados nas esferas celestes. Se as distâncias entre essas esferas obedeciam a certas razões, elas também gerariam música ao girar pelos céus, a música das esferas. Pitágoras e seus sucessores não só estabeleceram a essência matemática da natureza como levaram essa essência além da Terra, unificando o homem com o restante do cosmo por meio da música como veículo de transcendência.




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Todas as formas são sons


Nos hieróglifos egípcios aparece com certa freqüência o símbolo de Horus e de outros deuses emitindo um feixe de raios direcionados para baixo. Tal símbolo, segundo uma interpretação singela indica os raios do Sol direcionados a terra, mas num nível mais elevado de entendimento, representa os raios descendentes de Nu originando os primeiros deuses, ou seja, a gênese dos deuses partir de o Único. Invariavelmente os raios são desenhados como linhas radiantes e descendentes. Algumas vezes vê-se que as mãos através dos raios estão presas às extremidades inferiores, Então, trata-se da representação dos Tons Cósmicos modelando as coisas, e por isso eles variam de conformidade com o número indicativo dos Tons Cósmicos que integram as coisas criadas, portanto podem aparecer em número de sete, de doze ou, de com menor freqüência, de treze.


O clero egípcio usava o som como meio de invocar o poder de Amén, equivalente ao OM dos Vedas. Tanto a música de instrumentos quando a voz humana era usada na emissão de mantras e de invocações, ou, por outro lado como meios de veiculação de sobre os elementos da natureza.

Fora da Atlântida, sem dúvidas, foi no Antigo Egito onde o poder dos sons foi mais amplamente usado. Provavelmente, mais do que em qualquer outro lugar do mundo histórico, os mistérios dos sons e da música foram mais bem conhecidos do que no Antigo Egito. Lá os sacerdotes e iniciados usavam os sons não de forma aleatória, pois eles conheciam bem o lado científico das vibrações e assim conscientemente elaboraram formulas verbais e sonoras com propósitos bem definidos.

Existem muitos mistérios na música que o homem comum está distante de compreender. A sabedoria antiga diz que o som tem a ver com a preservação de todos os átomos e de todos os mundos e o processo da creação é continuo e sempre presente através dos sons. A matéria não apenas se cria, se preserva e se dissipa por meio do Som Cósmico. Sem ele coisa alguma poderia existir. Com efeito, matéria é o Som Cósmico - Vibração Divina, em forma densificada, o que eqüivale dizer que a matéria é a Harmonia das Esferas Cristalizada! Invertendo os temos: O Som Cósmico é a matéria em solução. Eis o que em essência significa também a expressão alquímica " Solve e coagula.".

Pelo que foi exposto endossamos as palavras da V\ T. E. M quando diz: " A música é uma forma de expressão de Um Deus sem forma ".

O som, - O Verbo - portanto pode ser considerada uma parcela manifesta do Inefável, ou como O chamavam os egípcios, de Nu. Por isto os antigos diziam: "Leve-se embora o Verbo e a matéria reverte-se instantaneamente á energia invisível do Nada".

O universo, a Terra, e nós mesmos sobre ela existimos porque existe O Verbo. Para o iogue: "OM é algo tão imediato quanto o ar que nos rodeia, ressoando no presente e no eterno, marca o ritmo de todos os corações e fala a todo aquele que tem ouvidos para ouvir" . Os grandes místicos de todos os tempos sentiram que o Verbo imanente existe em torno deles e que por ele a creação se fez e constitui o existir da vida, que a creação não se fez e nem se consumou, portanto que "As Estrelas Dava ainda cantam juntas" como está escrito no livro de Jó. (Entenda aquele que puder entender).

Os Grandes Iniciados conhecem bem o sentido e o uso do OM. Sob a forma de AUM eles podem externar grandes poderes, desde que sabem como esse som é composto. Diz a Tradição: "AUM é composto de um som maior, de três sons menores e de sete tons vibratórios sub-sidiários" ... Quando Eles mantêm a vontade de Deus em solução, é somente uma nota clara; quando Eles a colocam em movimento, são três coros constantes que transportam para os mundos exteriores o Desígnio do Único que ficará para os Eons; quando Eles levam essa Vontade à demonstração, então são sete tons vibratórios que se prolongam e são refletidos na estrutura dos Planos"... "É assim que a nota, os coros e os tons produzem o Plano, revelam o Desígnio e indicam a vontade de Deus". Esta é uma citação encontrada em alguns antigos Arquivos de Shambala e que são objeto de estudo dos Mestres.[1].

Assim atuam os Mestres de Sabedoria da G.L.B (Grande Loja Banca), o mesmo que era ensinado por Thoth e ainda transmitido e explicado por algumas doutrinas orientais e por certas ordens herméticas autênticas, entre as quais a V\ O\ H\.

Em determinados momentos a natureza parece parar, o vento para, todos os elementos da natureza silenciam, os animais aquietam-se, tudo se torna sereno, e os sensitivos e iniciados percebem isto claramente em determinados momentos não muito freqüentes. Dizem os orientais, especialmente os da Índia e povos que vivem nos planaltos do Himalaia, que aquele é o momento em que o "Rei do Mundo" fala com Deus. Na verdade trata-se do momento em que Melquisedec - pelos orientais ligados a G. F. B. tem o nome de Sanat Kumara, ponto focal da manifestação divina no nosso Logos Planetário - pronuncia o Som Cósmico, o AUM, confirmando pelo Amén a Sua missão de mentor da terra perante o Absoluto Deus. Com este som ele energiza todo o planeta expressando com perfeição a "Parcela Divina de um Deus sem forma".

Quem mais difundiu a relação entre o Universo e a música neste ciclo de civilização, sem dúvida foi Pitágoras ao citar a existência de uma musicalidade universal resultante do deslocamento dos corpos celeste. Em nossa época histórica, foi ele quem descobriu que existia uma relação fundamental entre a harmonia da música e a harmonia dos números, e que o universo era constituído por uma expressão numérica que podia ser geometricamente representada. " Tudo é número, dizia ele"... Pitágoras descobriu que as relações numéricas simples são as responsáveis pela harmonia na música.

A natureza musical do mundo está expressa nos ensinamentos dos pitagóricos. Vamos transcrever o que Cícero escreveu em A República, sec. ( a.C. , ed. Escugarda, 1779):

"Scipio viu em sonho o firmamento celeste com as órbitas dos seus nove planetas. A órbita exterior, a 'primum nobile' é o próprio Deus, que abarca todas as outras: 'que som é este, tão prodigioso e doce, que me enche os ouvidos?´ - É o som que, ligado a espaços desiguais, mas racionalmente divididos numa proporção específica, é produzido pela vibração e pelo movimento das próprias esferas, e, combinando notas agudas e graves, gera diversas harmonias; com efeito, movimento tão prodigioso não podem ser impulsionado no silêncio, e é de própria vontade da Natureza que a esfera exterior soe, por um lado, mais grave e, por outro lado, mais aguda... Aquelas esferas produzem sete sons distintos consoante os espaços vazios, número esse que é a chave de todas as coisas..."

Autor: José Laércio do Egito - F.R.C.

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